O filósofo Vampeta já tinha cantado a bola no início do milênio. “Eles fingem que pagam, a gente finge que joga”. O volante pensador se referia especificamente ao Flamengo daqueles tempos. Uma década se passou, a situação não mudou. Nessa quinta-feira, Ronaldinho Gaúcho entrou na justiça para receber 40 milhões de reais que, segundo ele, o Flamengo lhe deve. O clube rescindiu o contrato com o jogador. É fim de linha. O casamento acabou.É uma história sem mocinhos, com muitos vilões. É uma história em que sobra esperteza e falta caráter. Já na assinatura do contrato milionário algo cheirava mal. Ronaldinho, seu irmão-empresário Assis e o próprio Flamengo, passaram a perna em Palmeiras e Grêmio, dois dos clubes que estavam “acertados” com a família Assis. Depois, o Flamengo deu uma rasteira na Traffic, a empresa de marketing esportivo que investiu no jogador imaginando um retorno financeiro. Quando entrou o primeiro patrocínio a Traffic ficou a ver navios.
O tempo passou, Ronaldinho revelou-se melhor ator do que jogador. Fingiu amor pelo manto rubro-negro, fingiu dedicação, fingiu bom futebol. O Flamengo fingiu honrar seus compromissos. Difícil saber quem começou com o fingimento, a dissimulação era generalizada. Até o pobre torcedor do Flamengo encontrou um papel nessa farsa toda. O rubro-negro da arquibancada fez força para acreditar que Ronaldinho iria funcionar. Uma história sem mocinhos, apenas vilões.
O Flamengo está pagando pela própria incompetência. Montou um projeto insustentável e não conseguiu achar um Plano B quando o barco começou a fazer água. Mas é ainda mais triste ver o que Ronaldinho está fazendo com a própria imagem.A saída fugida de Grêmio e Barcelona já era um sinal evidente que a família Assis é muito boa com a bola no pé, nem tanto de caráter.
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